terça-feira, 18 de agosto de 2015

Cante

Cante
Saído
Das profundezas
Das Entranhas

Desta terra


Destas gentes

Sérias
Circunspectas
Respeitadoras.
Gentes
De sol
De vento
Do astro
Do Sol quente
Da chuva morna.
Trouxe
Hoje
Luz
A um País
Mergulhado
Num gris
Entorpecedor!





Homenagem à elevação do Cante Alentejano a Património Imaterial da Humanidade, em Paris, a 27 de Novembro de 2014.





Poema da mesma data.

Saudade

Saudade
É
Aquele
Frio
Que enche

De vazio

A gente
Que se sente.



6 Dez. 2014

Portugal

Somente
O ar
Carrega
Consigo

Tamanha


Semente

Por plantar
Em terra
Virgem.
Caem
Nela gotas
De um sangue
A borbulhar
Numa terra
Ciosa
Por se levantar.
Portugal
És
Tu.

Oriente Eterno

Para lá
Do Oriente
Eterno
Habitam
Os olhos
D' outrora
Por cá
Sitiadas
Memórias
Se quedam
Como
História.
São
Viajantes
Perdidos
Numa
Viagem
Rumo
Ao Oriente
Do eterno
Adeus.

Kronos

A vida
Vergou-o
Ao peso
Das manhãs

E das tardes

Acopladas
Ao Sol.
O cajado
Ampara
O peso
Do fado
De outra hora
Segue
Curvado
Ao peso
De ontem
Espera
Ao sol
Pela noite
Que o abrace
Para
Sempre.
Beringel, 25.01.2015

Ondas

Ondas
Somos
Ondas
Ondas de indignação
Ondas
Espuma
De ficção
Ondas de tempo
De coração
Ondas
Torpedos
Adormecidos
Apopléticos
Envaidecidos
Ondas
De Hertz
De mar
De choque
Somos
Ondas
Retidas
Nas areias
De derradeiras
Marés.
Beja, 13.02.15

Memória(s)

A que cheiram
As tuas memórias?
Que sons associas
Aos dias
E às noites?
Que sentes
Ao palpar
O Futuro?
Cheira
Ás infantis
Popias
Ás gargalhadas
Ao café
E às fatias douradas.
Soa
Ás corujas
Da noite
E
Ao Bater
Das asas
Do morcego.
Sente-se
O vento
No ventre
Beijando
Os cheiros
De ontem,
Tacteando
Os sons
Do amanhã
Com os sentidos
Do sempre.
13 de Maio, 2015, Beringel.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Da

Da sede
De sonho
De nuvens
De azul
Céu
Sede
Da magia
De infante
Sedento
De noites
Quentes
Ao relento
Do vento
Das estrelas
D' Agosto
Sede
Da saudade
Da Infância
Ida.

Nota de Rodapé

Dás por ti
E não passas
De uma nota de rodapé
Numa folha de papel
Amarrotada
Arrancada
De um livro de cordel.

A Folha
Voa
À mercê
De um vento desnorteado
Sopra
E a folha voa
Mais além
A folha esventrada
Pelo sol
Pelo Vento
Amarelece.

O rodapé
Cai
O livro
Cessa.